Eu não sou contra a prescrição de medicações. Mas sou a favor de um uso mais racional delas
Existem 4 fatores que estão por trás da gênese da insônia: genética, eventos desencadeantes (trauma, luto, problemas financeiros, problemas conjugais, etc), atitudes que perpetuam a insônia (maus hábitos de sono, como exposição excessiva à luz artificial no período noturno, horários irregulares de alimentação, sedentarismo, muito tempo de cama sem estar com sono, etc) e fatores cognitivos (ansiedade noturna, preocupações com o próprio sono)
As medicações para dormir não atuam em NENHUM desses 4 fatores. Elas podem ser muito importantes num curto prazo, principalmente em pacientes muito sintomáticos, que tem alguma doença psiquiátrica, ou que tem insônia aguda (aquela em que os sintomas duram menos de 3 meses e de preferência em pacientes que nunca tiveram sintomas de insônia ao longo da vida). Porém, se a prescrição é realizada sem a abordagem concomitante dos 4 fatores citados anteriormente, a chance do paciente não ter a insônia tratada e de se tornar dependente de medicação para dormir é quase certa.
O melhor tratamento para insônia crônica é a Terapia Cognitiva Comportamental para Insônia (TCC-I). E não sou eu que estou falando. São vários estudos que comprovam isso (a quem interessar ler, por favor me envie um direct que eu mando os estudos). A prescrição racional das medicações para dormir e a indicação correta da TCC-I pode reverter essa tragédia na nossa saúde pública: o crescente número de dependentes de indutores de sono e benzodiazepínicos e o aumento expressivo da prevalência da insônia