Olá, meu nome é Victor, tenho 31 anos, e por um acaso conheci o VS e decidi me inscrever e começar a tentativa de melhorar minhas noites de sono.
Já tive diversos episódios de insônia e noites em claro durante a vida, mas de uma forma geral, dormi bem a maior parte de minhas noites (e muitas tardes também). Gosto de dormir. Ir para a cama nunca foi uma preocupação minha, apenas um fato diário.
Minhas noites de insônia foram ocasionadas por ansiedade, e esta aparecia devido a alguma atividade especial ou difícil que seria feita no dia posterior. Ou algum planejamento ou ideia que eu gostaria muito de passar a implementar na vida. É chato perder a noite, mas na noite seguinte eu recuperava bem.
Atualmente, entretanto, vim notando que meu sono estava mais leve (eu passei a demorar mais para pegar no sono) e também estava associando muitas ideias estressantes ao ato de me deitar para dormir. Por exemplo, se haveria ruído na vizinhança: som de carro, latidos de cães, miados de gatos.
Semana retrasada tive que fazer uma cirurgia, extração de quatro sisos, o que por si só foi um evento estressante para mim, mas mesmo na noite anterior a isto eu dormi. O pós-operatório vinha bem e eu dormi muito durante a primeira semana do pós. Na segunda semana, entretanto, comecei a me sentir mais inquieto, especialmente porque iria retornar o meu trabalho (sou professor) e ainda não me sentia bem para o retorno devido à minha recuperação. Tive uma noite insone de domingo para segunda-feira e também de segunda para terça-feira, ou seja, duas noites seguidas sem dormir e isso foi, de alguma maneira, frustrante demais ou até traumático para mim.
Na terça-feira de manhã chorei muito por não conseguir dormir. Fui a uma consulta com meu dentista e depois, de volta em casa, cansado após uma noite acordado e o choro da manhã, me deitei para cochilar e também não consegui. Criou-se em minha cabeça uma paranoia de que nunca mais iria dormir na vida e que morreria por isso em breve e aí tive, pela primeira vez em minha vida, ataques de pânico e garanto que é uma das sensações mais horríveis que se pode sentir nessa vida. Desespero e desesperança. Fui parar na urgência.
Na urgência me ouviram, tentaram me acalmar (eu só conseguia chorar o dia todo). O médico me receitou Zolpidem (sublingual 5 mg) para dormir de terça para quarta. O médico não me passou nenhuma orientação sobre quanto tempo deveria usar esse tipo de medicamento e com a receita dele adquiri uma caixa com 30 comprimidinhos. Muito fácil para algo viciante.
Tive apreensão de tomar Zolpidem e me via sem chão, pois com o anoitecer tive medo de, apesar da total exaustão física e mental, me deita e não dormir, e também tinha medo de me ver dependente para sempre de uma medicação hipnótica para dormir.
Me deitei com medo às 8 horas, tomei o Zolpidem e logo apaguei. Acordei de madrugada ainda ansioso, mas menos, de maneira que exercícios de respiração me ajudaram a me controlar e voltei a dormir, não na paz dos meus dias anteriores, mas dormi. Acordei de manhã, não totalmente restaurado, mas pelo menos havia dormido.
Hoje já é domingo, e eu ainda não consegui dormir sem medicação, atualmente estou tomando 1/2 do comprimido (ou seja, 2,5 mg) e isso tudo porque tenho medo de falhar no ato de dormir. Tem sido um pesadelo. Fui ao psiquiatra (teleconsulta), contei a ele toda minha vida e saí de lá com receita para escitalopram (mais um remédio).
Ainda não iniciei o escitalopram, pois tinha esperança de voltar à minha normalidade, mas ao longo dos dias percebi que o anoitecer me trazia intranquilidade e que a raiz do problema estava no meu medo de me deitar e não conseguir dormir. Isso tem me gerado ansiedade. E isso não me deixa dormir.
Nunca imaginei que fosse passar por isso em toda minha vida. Tenho dormido com a ajuda de 1/2 de Zolpidem, mas quero me livrar do medo para poder me livrar do Zolpidem. Ficar sem dormir seria minha ruína.
Iniciei acompanhamento com psicólogo na sexta-feira e ele me pediu para tentar dormir sem o Zolpidem, mas o medo/ansiedade não me permitiu, acabei tomando 1/2 da dose às 3 horas da manhã após desistir de ficar na cama fingindo que estava dormindo.
PS: O psicólogo também não me incentivou a tomar o escitalopram, o que me aliviou, pois na sexta-feira eu não queria ainda.
Estou realmente pouco a pouco me convencendo de que eu deveria tomar sim o escitalopram (escrevo esse texto no domingo), porque toda essa situação tem me deixado apático, deprimido, como se meu eu verdadeiro tivesse sido sequestrado. Como se não existisse mais e essa coisa que tomou meu lugar está me matando aos poucos. Inclusive muitas vezes tive o pensamento de que eu iria morrer mesmo disso ou de que a morte seria a única solução (ideação suicida).
Fico surpreso de ler situações muito parecidas com a minha. Feliz não fico, pois não gostaria de estar passando por isso, nem que ninguém estivesse passando. É muita perversidade que minha cabeça possa fazer isso comigo mesmo.
Espero conseguir melhorar com a ajuda que estou recebendo do meu companheiro, da minha família, do psicólogo, do psiquiatra e daqui (iniciante). Espero que alguém leia isso e me responda um dia.